Jaque: ‘Não desejo a ninguém o que passei’

08/10/2010 16:31

Jogadora fala sobre o drama do doping e revela que pensou em voltar a jogar no Brasil


 

Matéria de THIAGO FERNANDES 
 
 
Do GLOBOESPORTE.COM, no Rio de Janeiro de 22/10/2007 
Alexandre Arruda
Seleção brasileira volta a contar com os potentes ataques de Jaqueline

A decisão do Juiz de Última Instância da Comissão Antidoping do Comitê Olímpico Nacional Italiano (Coni) de diminuir sua pena de nove para três meses, deixou Jaqueline com o sentimento de justiça. Em entrevista exclusiva, por telefone, da Itália, a atleta revela que chegou a cogitar voltar a jogar no Brasil. Relata todas as dificuldades pelas quais passou nos últimos anos (como a morte de seu pai) e conta o que pretende fazer em seu novo clube, o Múrcia da Espanha, e na seleção. 

GLOBOESPORTE.COM: Como você recebeu a notícia da redução de sua pena? Já esperava que isso acontecesse? 
Jaqueline: Já esperava sim. O que eu tive que passar já passei. Eles sabiam que eu não tinha ingerido a sibutramina por mal. Mas agora estou liberada para jogar e tudo isso já passou. 

Foi divulgado que seu antigo clube (o Jesi, da Itália) estaria cogitando a possibilidade de te processar. Isso é verdade? 
Não recebei nenhuma informação do clube. Até agora ninguém me procurou para falar sobre esse possível processo, então, até onde sei, isso não é verdade. 

Se arrepende de ter jogado no Jesi? 
Não, porque eu aprendi muito. A equipe foi bem e terminou o campeonato em segundo. Mas, realmente, foi muito difícil este meu ano na Itália. Me senti muito sozinha, com saudades da minha família. Apesar do Murilo morar há duas horas de distância, a gente quase não conseguia se ver por causa dos compromissos com os clubes. Mas, no final das contas, foi bom. Ganhei experiência e se tivesse que voltar seria mais fácil. 

"Não desejo o que eu passei a ninguém. Tive trombose na mão, passei por duas cirurgias no joelho e agora foi o caso de doping. Nesse meio tempo ainda perdi o meu pai"
Jaqueline

Aprendeu a falar italiano? 
Já falo um pouquinho. Bom, eles entendem, isso que é importante (risos). 

Agência
Principais atacantes do Brasil,Sheilla e Jaqueline estarão novamente juntas

Qual foi a reação do Múrcia ao saber do resultado positivo de doping? Eles mantiveram o contrato com você?
Eles me ajudaram muito. No Pan, eles vieram me assistir e, quando souberam da questão do doping, me chamaram para jantar para me darem apoio. Quando saiu a sentença de nove meses, o presidente do clube me ligou e disse que acreditava em mim e que gostaria de me contratar mesmo que a pena fosse mantida. Se isso acontecesse, eu disputaria só as finais do campeonato espanhol. 

E como imagina sua vida na Espanha? Já fala alguma coisa em espanhol?
Vou fazer igual na Itália e aprender o idioma na base da força. Acho que vou gostar muito de jogar no clube. Tenho o carinho da direção e vou estar com a Fofão e a Walewska que, com certeza, irão me ajudar. 

Nesse tempo em que ficou parada, pensou em voltar a jogar no Brasil? 
Pensei sim. Não desejo o que eu passei para ninguém. Tive trombose na mão, passei por duas cirurgias no joelho e agora foi o caso de doping. Nesse meio tempo ainda perdi o meu pai. Foram momentos muito difíceis e cogitei voltar para ficar mais perto da minha família. Mas agora tenho que erguer minha cabeça e pensar que passei por mais uma. 

"Na Copa do Mundo, tenho a certeza que a equipe pode buscar um lugar no pódio e até a medalha de ouro"
Jaqueline

Teve proposta de algum clube?

Tive do Pinheiros e do Minas. Mas poderiam aparecer outras se eu realmente decidisse voltar. Eu amo o Rio de Janeiro. Jogar com o Bernardinho e a Fernanda (Venturini), ainda mais no ano de despedida dela, foi demais. Eu posso dizer que já disputei uma final ao lado dela e isso me enche de orgulho. Também gosto muito do Osasco que foi o clube onde eu me criei e onde me acolheram. 

E agora, em sua volta à seleção, o que podemos esperar da Jaqueline e da seleção na Copa do Mundo? 
Fiz alguns treinamentos sozinha porque estou fora de ritmo e vou voltar a treinar com as meninas agora. O Zé ainda não decidiu quem vai ou não para o torneio, mas tenho a certeza de que a equipe pode buscar um lugar no pódio e até a medalha de ouro. A seleção passou por um momento difícil, mas temos que dar a volta por cima. No Sul-Americano elas foram muito bem e esse foi o primeiro passo.

Fonte: globoesporte.globo.com/ESP/Noticia/Volei/0,,MUL154130-4435,00-JAQUE+NAO+DESEJO+A+NINGUEM+O+QUE+PASSEI.html

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